quinta-feira, 13 de março de 2008

O ESPÍRITA COMEMORA A PÁSCOA ?

Recebi esse e-mail da Amiga Rudy Mara, concordei em parte e envia a alguns amigos a minha opinião e pedi a eles que assim também se colocassem, veja a seqüência que segue, aguardando como sempre sua participação:

De: Rudy Mara
Enviada em: segunda-feira, 10 de março de 2008 19:34
O ESPÍRITA COMEMORA A PÁSCOA ?

Páscoa é uma palavra hebraica que significa "libertação". Com o êxodo, a Páscoa hebraica será a lembrança perpétua da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito, através de Moisés.

Assumida pelos cristãos, a Páscoa Cristã será a lembrança permanente de que Deus libera seu povo de seus "pecados" (erros), através de Jesus Cristo, novo cordeiro pascal.

O ritual da Páscoa mantém viva a memória da libertação, ao longo de todas as gerações.

"Cristo é a nossa Páscoa (libertação), pois Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"

- (João, 1:29).

João usou o termo Cordeiro, porque usava-se na época de Moisés, sacrificar um cordeiro para agradar á Deus. Portanto, dá-se a idéia de que, Deus sacrificou Jesus para nos libertar dos pecados. Mas para nos libertarmos dos "pecados", ou seja, dos erros, devemos estar dispostos a contribuir, utilizando os ensinamentos do Cristo como nosso guia. Porque Jesus não morreu para nos salvar; Jesus viveu para nos mostrar o caminho da salvação.

Esta palavra "salvação", segundo Emmanuel, vale por "reparação", "restauração", "refazimento".

Portanto, "salvação" não é ganhar o reino dos céus; não é o encontro com o paraíso após a morte; salvação é "libertação" de compromisso; é regularização de débitos. E, fora da prática do amor (caridade) de uns pelos outros, não seremos salvos das complicações criados por nós mesmos, através de brigas, violência, exploração, desequilíbrios, frustrações e muitos outros problemas que fazem a nossa infelicidade.

Portanto, aproveitemos mais esta data, para revermos os pedidos do Cristo, para "renovarmos" nossas atitudes. Como disse Celso Martins, no livro "Em busca do homem novo" : "Que surja o homem NOVO a partir do homem VELHO. Que do homem velho, coberto de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de preconceito, ou seja, coberto de ignorância e inobservância com relação às leis Morais, possa surgir, para ventura de todos nós, o homem novo, gerado sob o influxo revitalizante das palavras e dos exemplos de Jesus Cristo, o grande esquecido por muitos de nós, que se agitam na presente sociedade tecnológica, na atual civilização dita e havida como cristã.

Que este homem novo seja um soldado da Paz neste mundo em guerras. Um lavrador do Bem neste planeta de indiferença e insensibilidade. Um paladino da Justiça neste orbe de injustiças sociais e de tiranias econômicas, políticas e/ou militares. Um defensor da Verdade num plano onde imperam a mentira e o preconceito tantas e tantas vezes em conluios sinistros com as superstições, as crendices e o fanatismo irracional.

Que este homem novo, anseio de todos nós, seja um operário da Caridade, como entendia Jesus: Benevolência para com todos, perdão das ofensas, indulgência para com as imperfeições alheias."

Por isso, nós Espíritas, podemos dizer que, comemoramos a páscoa todos os dias. A busca desta "libertação" e/ou "renovação" é diário, e não somente no dia e mês pré determinado. Queremos nos livrar deste homem velho. Mas respeitamos a cultura e os costumes dos povos em geral, que ainda necessita de rituais. Que ainda dá maior importância para o coelhinho, o chocolate, o bacalhau, etc., do que renovar-se. Que acha desrespeito comer carne vermelha no dia em que o Cristo é lembrado na cruz. Sem se dar conta que o desrespeito está em esquecer-se Dele, nos outros 364 dias do ano, quando odiamos, não perdoamos, lesamos o corpo físico com bebidas alcoólicas, cigarro, comidas em excesso, drogas, sexo desregrado, enganamos o próximo, maltratamos o animal, a natureza, quando abortamos, etc. Aliás, fazemos na páscoa o que fazemos no Natal. Duas datas para reflexão. Mas que confundimos, infelizmente, com presentes, festas, comidas, etc.

Portanto, quando uma instituição espírita se propõe a distribuir ovos de páscoa aos carentes não significa que esteja comemorando esse dia, apenas está cumprindo o preceito de caridade, distribuindo um pouco de alegria aos necessitados.



De: CAVALCANTE Francisco
Enviada em: terça-feira, 11 de março de 2008 09:26
Para: AMIGOS

Tudo ia muito bem até o último parágrafo, deste e-mail ai em baixo que eu recebi....

Esse é o grande mal inserido sutilmente dentro da Doutrina Espírita, os "responsáveis pelo trabalho", adaptão seu ponto de vista pessoal a ações e realizações que absolutamente nada tem a ver com a Doutrina ou os seus ensinamentos, perpetuando erros, equívocos mantendo mentes submissas, quando deveria liberta-las...
Escrevi para você, pois eu gostaria muito de saber sua opinião?
Sds
Francisco

De: AMIGA (não tenho autorização para por o nome)
Enviada em: terça-feira, 11 de março de 2008 11:33

Francisco, Bom Dia!

Interessante o texto, bastante esclarecedor, já que por vezes deixamos que as coisas aconteçam e nem nos damos conta.

A qual parágrafo você se refere? O da distribuição dos ovos de chocolate?
Acharia oportuno que o texto venha assinado pelo autor, por exemplo, não consegui identificar a quem pertence a autoria.

Abraços,



De: AMIGO (não tenho autorização para por o nome)
Enviada em: terça-feira, 11 de março de 2008 15:02


Olá Francisco


Muito interessante o texto que você mandou. Mais uma oportunidade de reflexão para nós, que é sempre bem vinda.


Na minha humilde opinião, nada contra distribuir ovos de páscoa, mas convenhamos sua desnecessidade, principalmente se vinculada a questões religiosas.


Acho que o autor se referia ao pensamento de que se nosso filhos comem ovos de páscoa, por que os filhos de assistidos não poderiam comer também. Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem é caridade. Mas esse ato não significa que o Centro assuma tal compromisso, pois não é sua função satisfazer desejos, e sim libertar consciências.


Além do mais, ovo de páscoa é gostoso mas NÃO É NUTRITIVO.


Um abraço.

De: AMIGA (não tenho autorização para por o nome)
Enviada em: terça-feira, 11 de março de 2008 15:20



Olá, Francisco,

Concordo plenamente com você quando diz que tudo ía bem até o último parágrafo desse texto.
Creio que essa pessoa que está divulgando tal idéia deva ser alertada para o absurdo do que está dizendo. A impressão que dá, é que ela não entendeu muito bem o que o Espiritismo diz a respeito de caridade.

Talvez eu não esteja sendo nem um pouco caridosa em minha avaliação, mas creio que nós, espíritas, devêssemos estudar bem mais para não deturparmos uma doutrina tão encantadora quanto esta que nos foi legada.


Creio que temas como: Páscoa, Semana Santa, Natal, Ano Novo deveriam ser objeto de estudos nas Casas Espíritas para que, pelo menos, começássemos a vencer determinados costumes arraigados, quiçá de outras encarnações.

Vemos eventos espíritas deixando de acontecer porque há no calendário uma comemoração católica, entramos numa Casa Espírita e vemos o ambiente enfeitado com anjos pendurados ou luminosas e coloridas árvores de Natal, nos desdobramos para conseguir presentes de Natal para os "assistidos", perpetuando a idéia de que Natal é presente. Enfim, esse e-mail que você recebeu é, na verdade, a tradução do pensamento de muitos Espíritas. pode acreditar!


Lamento muito!

Um grande abraço!


De: Rul Fança
Eviada em: quarta-feira, 12 de março de 2008 18:10



Olá Francisco!

Quanto ao e-mail sobre a páscoa... eu não sei. Ignoro se Kardec escreveu algo sobre essas datas com significados religiosos, e qual a postura da Doutrina perante isso, mas tenho pouca sabedoria para opinar se está errado tomarmos parte nelas ou não. O que tenho de opinião consolidada é que a boa educação das crianças é o que vai mudar o nosso mundo. Esses espíritos que retornam à Crosta, se desde cedo receberem valores morais, serão adultos muito melhores. Não que pessoas já formadas não possam mudar, mas isso leva muito tempo, e nos custa uma intensa luta interior para vencer velhos conceitos...


Existem vários enganos que são cometidos, em se tratando de Doutrina Espírita. Conceitos errados, distorcidos...

É certo que a partir do momento que o amor seja o guia de nossas vidas, as mentiras não serão mais necessárias... e como todo peso morto, sucumbirão à força do progresso. Mas imagino que não aprendemos a amar automaticamente só por conhecermos a verdade...

E acreditando nisso acho que a importância maior repousa na necessidade de vivermos o Evangelho... pois quanto aos pequenos erros, o tempo se encarregará de apagá-los...

Agora, em determinado momento, é fundamental que ajamos. Achei brilhante a sua iniciativa de questionar o editor do Jornal O Espírita quanto aos porquês de publicar a matéria do boicote ao congresso porto-riquenho. Um órgão de mídia espírita não pode fomentar a rivalidade de um jeito tão irresponsável como fez, e se você não interviesse, provavelmente este erro poderia se repetir.

Abraços

Raul


De: Eliane C Cavalcante
Enviada em: quinta-feira, 13 de março de 2008 11:21


Gostei muito do texto "O ESPÍRITA COMEMORA A PÁSCOA ?", traz uma visão muito mais rica e profunda do que apenas como um feriado de comer ovos de páscoa, ao contrário, oferece oportunidade de reflexão para a nossa libertação. O que no momento em que vivemos é muitíssimo importante para todos nós. Afinal, até quando iremos nos iludir com esses presentes, ovos, ... se o maior propósito é a nossa renovação.


Porém, cabe a nós que estamos ciente do objetivo da nossa reencarnação, não continuarmos estacionados, iludidos e sim mudarmos nossas atitudes com metas ao esclarecimento e ao conhecimento. A nova era já está aí e já perdemos muito tempo, temos que mudar nosso modo de ver e buscarmos realmente o que é útil na nossa jornada evolutiva.


Não acho correto alimentarmos esta idéia de ovos quando o maior e mais importante é a consciência de que temos que nos transformamos logo no Homem Novo. Deixemos essa prática para os lares e não na Casa Espírita que tem seu importante papel de esclarecer e não de alimentar o indivíduo a permanecer estacionado.


Não percamos mais tempo, vamos todos em busca da renovação, vamos mudar essa cultura que nos faz demorar tanto nesse estágio de ilusões. Essa meta não se pode perder, principalmente numa Casa Espírita.


Abraços


Eliane



De: Marilda
Enviada em: terça-feira, 25 de março de 2008 22:10
Assunto: Re: O ESPÍRITA COMEMORA APÁSCOA ?

Francisco, desculpe pela demora na resposta.
Meu computador estava pifado(a fonte queimou) e aos poucos estou colocando a correspondência em dia.

Não é a minha opinião, é a opinião da Doutrina Espírita. Realmente o espírita não comemora a páscoa.

A Instituição espírita não deve fazê-lo. Nós fazemos particurlamente por causa da família que aproveita esta data para comer chocolate.

Um abraço, Marilda



Agora chegou a sua vez, põem ai nos comentários a sua opinião, seu ponto de vista, sua forma de ver a questão!

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Eliane ! gostei muito como esclareceu o assunto sobretudo para aqueles que não conhecem a Doutrina Espírita. sobretudo, quando esclarece sobre o respeito às tradições e por aqueles ainda precisam de rituais.
patricia nasser (belem/pa)

raul disse...

Francisco, está muito legal o seu blog!

Com certeza ele será muito útil para trocarmos idéias e refletirmos sobre os mais variados temas. Sempre, é claro, nos orientando pelos ensinos do Divino Mestre.

Um Abraço!

Déa disse...

Vi este blog ao buscar sobre a visão da páscoa segundo a doutrina espírita.
Se me permitem vou expor aqui minha pequena contribuição.
Concordo em parte sobre a crítica relativa ao último parágrafo. Porque caridade não está em dar presentes,
isto é bem verdade.
Só que vejo ser caridoso tentar não deixar com que aqueles que procuram as casas e não são espíritas (costuma ser em sua maioria,os aqui vistos entre aspas como assistidos)- sem um auxílio já que o mundo mostra os presentes como algo almejado por almas jovens e imaturas.
Ovos de páscoa não são nutritivos; presentes de Natal não traduzem a essência do verdadeiro sentido do Natal;
mas, costuma ser uma única demonstração de carinho para muitos surrados intimamente
por famílias desagregadas de valores próximos do Amor.
Não é o que É o presente - é o que se oferece quando se abraça,
se dá um presente numa forma subjetiva de dizer:
eu me importo com você.
Este, na minha humilíssima opinião, é o sentido
da caridade neste contexto.
O meu mais fraternal abraço a todos.
Luz e paz!

Casa do Caminho - Pindamonhangaba